Há uma semana nossa manhã de sábado se iniciou ao som de violino, harpa, embalados pela voz de Lenine em Paciência. Juntas nosso círculo começava. Sem apresentações, sem travas, sendo nós mesmas com nossos lenços, descalças entregávamos nosso corpos ao embalo do som.
Nosso corpo se expressava, olhos fechados, abertos ou marejados. Sorrisos. Leveza, entrega.
Assim inicia nosso Círculo Sagrado de Mulheres. Nosso encontro, nossa comunhão começou forte, fim da música lágrimas, abraços.
Há quanto tempo você não tem seu tempo? Há quanto tempo você não pode dançar sem travas, saltos ou julgamentos? Quando seu corpo se expressou livremente pela última vez?
Nessa roda poderosa dançamos, partilhamos. Nos curamos.
Mulheres reunidas em meio a sonhos, feridas e esperanças apoiavam umas as outras. No nosso círculo tínhamos uma avó, gestante, mães e mulheres sem filhos, que exercem a maternidade porque somos unidas e ligadas pelo útero. Nossa comunhão dispensa rótulos, embalagens. Mulheres são bem vindas, são energia, acolhimento.
Embora o mundo pregue que nós somos desunidas, competidoras o que acaba nos levando a um isolamento e desconfianças, nosso círculo é um ponto de luz, cura e alento.
Ouvindo o chamado nos juntamos, nos conectamos. Geramos luz, energia de carinho e gratidão.
“Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo
Pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara.”