Muitos fantasmas, falsas verdades rondam as relações familiares.
A maioria desses saberes universais tem o objetivo exclusivo de abafar, restringir e manter a ordem e harmonia familiar, custe o que custar. Custe até mesmo o sofrimento de seus integrantes.
É sabido que formações familiares são concebidas em grande maioria tendo em função resgates cármicos o que faz com que cedo ou tarde determinados conflitos surjam. Dói, é difícil aceitar que determinadas situações aconteçam com nosso consentimento pretérido, mas é assim que costuma funcionar. Enquanto não ascensionarmos, não alcançarmos outros graus evolutivos estaremos em tese presos do carma, nas relações de causa e efeito.
E laços familiares são os mais fortes que podemos ter nessa vida, do mais, basta um pedido de demissão, um afastamento intencional para conscientemente nos livrarmos do que nos causa sofrimento.
O interessante de permitir que a iluminação espiritual guie minha vida é que minha percepção acerca deste assunto se amplificou e junto com ela o conceito de gratidão familiar também.
A sociedade execra o membro familiar que por motivos vários decide se divorciar ou se afastar de sua família. É tratado como um herege ingrato desprovido de qualquer sentimento nobre. Sim, afastamento parental consciente e intencional costuma ser algo visto com péssimos olhos, principalmente em nossas terras latinas onde temos uma educação rígida que costuma ver a família como um monolito e não como membros individuais, com anseios diversos e num grau evolutivo e em alguns casos intelectual completamente diferente um dos outros.
Vou dividir minha abordagem sobre como podemos lidar com conflitos familiares fortes e recorrentes de maneira corajosa, amorosa e independente, que preserve também nossos limites pessoais.
Como a família surge?
As famílias se unem essencialmente para resgates cármicos. Existem famílias afins, unidas, com um grau evolutivo similar, que juntos tem a missão de evoluir e disseminar amor. O respeito, a cordialidade imperam e essas pessoas já se libertaram das relações de causa e efeito e podem inclusive se manterem próximas mesmo depois de sua missão corpórea na Terra findar. Se juntamem outros planos.
Já outras famílias se unem para que resgates cármicos sejam realizados. Dai vemos os casos de rejeição – mães que odeiam filhos e vice-versa- conflitos e desarmonias.
Recebemos como mecanismo evolutivo o véu do esquecimento, porém nosso subconsciente armazena todas nossas impressões pretéritas que com o desenvolvimento da personalidade, falhas de criação acabam se revelando.
A lição primordial a ser ensinada nesses casos é o amor e o perdão. Sem amor demonstrado por ações que envolvem muito de nossa doação pessoal não existe evolução e esses laços se fundem fazendo com que os envolvidos fiquem em desajustes por séculos, consequentemente se encontrando até que seu processo evolutivo progrida.
Nesses casos a configuração familiar pode ser alterada em cada reencarnação. Quem hoje é mãe pode voltar como filha numa outra vida e se a rejeição é muito intensa a ponto da rejeição atingir o biológico fazendo o casal declinar de gestar, a adoção costuma ser uma opção para o ingresso do novo membro na família.
A família se formou. E agora?
Família formada, filhos, criação igual com resultados diferentes. Bem vindos a vida, a individualidade e a ciência de que somos instrumento para a evolução aqui na Terra e que não temos posse de ninguém.
Sendo agraciados com o livre arbítrio, formamos nossa família, geramos nossos filhos e o criamos, abdicando de muitas coisas em prol deles.
Revestidos de amor é justo cobrar gratidão de maneira tóxica por fazermos o que qualquer ser humano com sentimentos e responsabilidades fariam que é prover afeto e cuidados materiais para um ser que NÓS quisermos colocar no mundo?
É justo cercear sua liberdade, tolhir da descoberta de seu eu, sua essência, sua personalidade para que fiquem condicionados a uma relação hierárquica que existe apenas nesse plano material?
É justo chantagear emocionalmente os filhos usando uma submissão que se traveste de gratidão?
Não! E esses são um dos maiores desafios que nós pais aqui na Terra temos que lidar. Desses pensamentos surge todo o alicerce que insere culpa nos filhos que decidem trilhar seus próprios caminhos.
Sendo uma das grandes causas de desarmonias familiares, pais que acham que seus filhos são eternamente ingratos, filhos que cobram perfeição dos pais, não fazem a leitura de que pais são pessoas com medo, falhas e que também estão aqui junto de nós para aprender.
Quando a submissão se traveste de “honrar os pais”
Esse preceito bíblico de honrar pais e mães é interpretado de maneira muito generalista, tóxico e abusivo em alguns casos.
Muitos entendem que essa honra significa anular-se completamente. Significa seguir a mesma configuração familiar e jamais ser uma contracultura. Essa honra chega muitas vezes a bloquear a liberdade que o indivíduo tem de reescrever sua própria história e romper com dogmas pesados de sua ancestralidade.
Percebam que você é composto por seu avô, sua bisavó. Somos fragmentos, somos eles, somos um. Temos tendências fortes ancestrais que não necessariamente fazem parte de nossa composição consciencial primária, essa sim é pura, iluminada fonte de paz e amor.
Essas tendências vão se manifestar em muitos aspectos de sua vida, reforçadas por uma visão aqui e agora e puramente biológica de nossa existência.
Trejeitos de fala, reatividade, afetividade, histórias de abandono e abuso parecem ser fadadas a repetição em certas famílias, perpetuando quase que de maneira automática todo o ciclo de sofrimento.
“Minha mãe fez assim e assado, então farei assim com você também” são atitudes em alguns casos não verbalizadas e praticadas mesmo que não intencionalmente que reforçam o padrão da transferência ancestral de comportamentos. Percebam que existem famílias frias por gerações. Famílias esquentadas, outros tranquilos. Quando um membro decide reescrever sua história por estar num grau evolutivo espiritual mais avançado costuma ser recebido com maus olhos. Seria um apontamento invisível para o ego que se sente atacado, porque interpreta situações de mudança, progresso como um:
-Você está errado. Vou fazer melhor.
Quando na verdade não é nada disso. Consciências presas nas dimensões mais baixas e revestidas pelo ego costumam ter uma protetividade muito grande, se somarmos as experiências individuais que reforçam as camadas de personalidade, fica quase impossível a harmonia. O ego ama a si próprio, protege a si próprio e só vê seu umbigo. Não enxerga sutilezas e como se fosse uma borboleta no casulo, qualquer interação mais direta pode matar completamente uma relação que por conta das constantes desarmonias se encontra mutilada. Pode acabar. Assim como a borboleta que se ajudada a sair do casulo, morre.
O que a sociedade diz sobre isso?
O senso comum prega que a família é o bem maior, devemos suportar todas as provações, nos mantermos unidos até que a morte nos separe. Qualquer coisa, qualquer passo de dança fora desse script leva a pessoa a categoria de vilão (ã).
O que a luz prega?
A luz, centelha divina, criadora, amorosa prega o amor. Só o amor é capaz de sedimentar harmonia genuína entre as pessoas. E sabemos que temos níveis evolutivos diferentes. Uns são rancorosos, vingativos e guardam ódios por séculos. Não sabem amar.
Nesse caso a vida vai ensinar, por intermédio da dor ou do amor. Não é você ou eu que vamos mudar paradigmas de uma outra consciência. Certas portas se abrem para dentro apenas. É o famoso despertar, diminuir a força do ego em nossas vidas, baixar a protetividade, ouvir mais, acolher. Doar.
Essas características podem demorar vidas para germinar e não somos nós que vamos forçar esse crescimento. Seja filho ou pai, lembrando que essas são hierarquias usadas no modelo terrestre.
Vale a pena se desgastar, se despedaçar porque a sociedade de maneira limitada entende que nossa vida precisa e deva ser um comercial de margarina?
Vale a pena deixar de entender lições que até mesmo os desajustes nos passam?
Tudo em nossa passagem é um aprendizado.
Como libertar-se de carmas e ter uma existência plena?
A base para rompermos a roda dos carmas familiares é não contrairmos mais débitos, praticando o perdão e o amor. Sim é muito difícil perdoar quem nunca nos pediu perdão ou que mesmo depois desse continua nos magoando sucessivamente, mas devemos nos lembrar que o perdão beneficia primeiramente aquele que perdoa. Liberamos energia negativa e deixamos nosso coração livre para receber bênçãos. Perdoando liberamos cargas emocionais e direcionamos nosso pensamento para coisas positivas e que vão nos impulsionar nesse caminho evolutivo.
O perdão não precisa ser presencial. Pode ser através do pensamento. Perdoe e se livre da sombra psicológica que relacionamentos tóxicos e abusivos costumam deixar. É como se fosse uma fuligem em nossa alma.
Perdoando a ressonância negativa é interrompida, fazendo com que você se livre dos laços energéticos perturbadores que podem se estender independente da distância geográfica ou até mesmo depois da morte.
É aquela mágoa, aquele rancor, aquele gosto amargo na boca.
Perdão, perdão, perdão. Sempre!
Como minha evolução espiritual pode afetar meus relacionamentos familiares?
Quando despertamos consciencialmente nossa postura de vida fica alterada. Ficamos mais serenos, saímos da programação andróide que é estudar, trabalhar e ter coisas e passamos a ser mais incisivos e questionadores.
Deixamos de ter medo de emanar luz, mesmo que em volta seja escuridão. Expomos nossos desejos, nossa essência com mais segurança. Conforme o padrão vibracional aumenta mudamos naturalmente nossa alimentação, padrão de ingestão de bebidas alcóolicas, relação com nosso corpo, vestimenta, educação e criação dos filhos. Isso pode chocar toda uma família fazendo com que se sintam atingidos no ego por mudanças de filosofia de vida.
Ao invés de reproduzir um modelo familiar, você cria o seu de acordo com seus desejos. Pode optar por uma profissão que lhe dê mais tempo livre e menos retorno financeiro, pode optar por uma moradia menos sofisticada mas em contato com a natureza, pode optar por não criar seu filho nos moldes tradicionais. Isso assusta e afasta os familiares que ainda não estão preparados para vivenciar essa transição e transformação.
E se sua mente estiver programada no modo SOCIEDADE você terá grande propensão de se culpar, de se sentir errado por não estar próximo de sua família ou até mesmo de recuar para ser aceito.
Como lidar? Precisamos falar sobre isso. APEGO.
A família deveria ser um veículo para um ser desenvolver suas potencialidades, ter suas necessidades materiais supridas tendo uma troca afetiva e emanações de amor. Com os pais cientes de que são tutores de seus filhos, que eles possuem seus desejos e suas lutas e que portanto não são deles. Biologicamente foram gerados, mas precisam e devem seguir seu caminho sem apego.
Esse apego a regras pré estabelecidas, totalmente massificadas que coloca todo indivíduo de maneira polarizada -bom ou mau- faz com que muitos aguentem relações tóxicas e abusivas por anos. Filhos que são assediados psicologicamente, fisicamente por seus pais ou vice versa. Faz com que membros da família busquem um afeto que nunca receberão. Faz com que nós não aceitemos o outro como ele é com seus defeitos e qualidades, mas que num esforço irracional o forcemos a ser como nós queremos só para dai então exercitarmos nosso amor e compreensão. Isso está errado.
Nada nos impede de romper padrões negativos de ambos os lados. É o fim do carma, é leveza é liberdade. É amor. Quando a incompatibilidade energética é gritante de tal forma que mesmo em silêncio nos sintamos acuados pela presença alheia é hora de perdoar, nos afastar e seguir em frente.
Atitudes dessa natureza nada tem a ver com ingratidão, mas sim com preservação de nossos limites pessoais e libertação. A VIDA É FLUÍDA, novos cenários são criados para nosso projeto aqui na Terra. Teremos muitos pais, mães e filhos. Muito a aprender, o apego a estas normas irracionais de relacionamento apenas contribuem para o desgaste e desmoronamento de relações pessoais que já se encontram frágeis.
Podemos não ser os melhores pais, mães ou filhos mas jamais poderemos deixar de ser felizes por relações tempestuosas entre familiares na Terra. A harmonia precisa existir dentro de nós, é do nosso interior que brotam a luz e o amor que nos conduzem a evolução.
Façamos as pazes com nosso interior nos libertando de mágoas, carmas pesados e padrões negativos de viver.