Meu parto, a dor e eu – Milene Fonseca

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Finalizando as postagens dessa semana com o relato de Milene Fonseca!.

A percepção de dor dela foi bem diferente dos relatos que tivemos. Uma boa equipe, uma doula que esteja conectada com a mulher fazem toda a diferença.

A dor é real, é forte e ter uma boa assistência serve como luz para uma estrada que você mulher irá trilhar. Além da questão técnica optar por profissionais com afinidade energética é fundamental para a entrega e confiança.

“A percepção da dor foi terrível, muito mais intensa do que eu imaginava, isso porque sou bem resistente a dor. Nunca tomo remédio para dor de cabeça, nem pra cólica.

As dores apertaram por volta da meia noite e se intensificaram muito durante o frio da noite.Eu percebi total ligação com o frio que eu sentia e a dor, não conseguia ficar debaixo do chuveiro e a água da piscina estava morna, precisava dela mais quente.

As massagens q minha doula faziam eram muito mecânicas e frias, então não ajudou. Ela não ensinou nada a meu marido, então ele só segurava minha mão…A forma mais clara que eu tenho da dor era uma vontade de rolar por cima daquela barriga, pra ver se diminuía a dor, ou então cortar a região (nessa hora já pedia cesárea, rs..). Não cheguei a sentir vontade de fazer força.”

Meu parto, a dor e eu – Danielle Brito

Relembrando o dia em que descobri uma força interna que jamais imaginei possuir.
Relembrando o dia em que descobri uma força interna que jamais imaginei possuir.

Hoje teremos duas contribuições sobre a percepção de dor no parto para encerrarmos os relatos desse mês. Continuo recebendo relatos de outras guerreiras que serão postados posteriormente para po encorajamento de outras mulheres.

O relato da Danielle é um lição de garra! É rico pois ele se iniciou em casa num parto domiciliar planejado e finalizou no hospital para onde foi transferida.

“O que eu mais amei em meu parto foi que não senti raiva da dor em momento algum, pois eu sabia que aquela dor era necessária para trazer meu filho, era por um bom motivo, era pra dar vida! Apenas pedia para que fosse logo, isso sim foi difícil, claro!

Me alimentei pouco, ingeri pouco liquido, não tive vontade de fazer xixi nem coco (ou não me lembro) era difícil achar a posição confortável mas as que me senti melhor foi sentada na bola embaixo do chuveiro e de joelhos apoiada, mas essa não dava por muito tempo.

Tentei técnicas de respiração, me esquecia ás vezes de conversar com meu filho, mas a doula foi super importante principalmente nesses momentos. Medo, senti apenas na hora em que haviam passados 23 hrs de trabalho de parto totais, e meu filho ainda não estava nos meus braços, e eu recebia o alerta das parteiras, pois eu já estava exausta, por conta de não ter descansado desde o começo do trabalho de parto (as colicazinhas, que começaram perto das 04:00 do dia 04) ate a hora que ele realmente nasceu (03:48 do dia 05).

Mas infelizmente o que desencadeou esse cansaço foi uma dor diferente, tive uma especie de câimbra na perna direita e estava na banqueta de parto e fiz uma força bem nessa hora, fisgou meu nervo ciático e minha perna direita simplesmente não funcionava mais, após isso toda força era em vão para ajudar o Bernardo descer, assim eu sentia apenas dor na perna que subia e multiplicava por todo o quadril.

A transferência foi necessária, após aplicação da analgesia, fiz apenas duas forças e ele nasceu”

Meu parto, a dor e eu – Carina e Débora

Débora chegando ao nosso mundo.
Débora chegando ao nosso mundo.

Vamos finalizar essa semana com o depoimento da Carina Oliveira!

Ela pariu no plantão de um hospital aqui de Campinas. Levou seu plano de parto, exigiu uma reunião para discuti-lo. Foi aceito, no dia do seu parto teve acesso a bola, chuveiro e foi assistida por uma enfermeira obstetra.

Sua filha veio ao mundo direto para seu colo onde amamentou.

Aqui a Carina conta sua percepção da dor e semana que vem teremos mais depoimentos, Dani Brito abrirá a próxima semana porque enquanto houver mulher, houver partilha, nós seremos o instrumento usado para levar informação e força para quem deseja parir.

“Eu sempre quis ter um parto natural e havia me preparado muito para aquele momento. Durante a gestação eu li muito, participei de grupos, fiz pilates, acupuntura e, principalmente, acreditava no meu corpo e no cuidado de Deus nesse momento tão especial da minha vida. Eu não teria equipe, meu plano era ter um parto hospitalar pelo plantão do convênio e com o auxílio de uma doula.

Quando estava de 36 semanas e 5 dias, à 1h30 da manhã,  comecei sentir contrações bem leves. No início acreditei que fossem de treinamento, porém após duas horas e dois banhos, eu e meu marido vimos que estavam ritmadas e fomos para a Maternidade de Campinas.  Após um atendimento ruim no acolhimento, foi constatado que eu já estava com 4cm de dilatação. Fui encaminhada a sala de  pré-parto e lá muito bem recebida pela equipe de enfermagem, que estava com meu plano de parto em mãos. Minha doula ainda não havia chegado e a equipe de enfermagem me “doulou” enquanto isso, diziam palavras acolhedoras e eram muito carinhosas, também me levaram ao chuveiro para amenizar a minha dor.

A dor era intensa, mas suportável. Meu trabalho de parto foi rápido (total 8 hs desde a primeira contração), minha dilatação evolui muito bem e quase não deu tempo da minha doula chegar! Nesses momentos que estive sozinha, tentei ficar ao máximo na posição vertical (lembrei muito do que havia estudado no livro da Janet Balaskas, “Parto Ativo”). Quando estava quase desistindo e pedindo analgesia, minha querida doula chegou! Como ela não era cadastrada na Maternidade, eu tive que optar entre a doula e meu marido. Na hora achei que a sua presença da dela seria mais útil para me encorajar e amenizar a minha dor e realmente foi! Suas massagens e palavras de incentivo foram fundamentais!

Minha bolsa rompeu quando eu estava com 10 cm de dilatação e logo fomos para o Centro Obstétrico, que já estava preparado para que eu tivesse meu bebê de cócoras. Na hora que minha bebê estava quase nascendo, a doula saiu e meu marido entrou. Que momento abençoado, sem palavras para expressar! E como foi tudo tão calmo, respeitoso… Tudo muito natural, ar condicionado desligado, ninguém me tocou, a enfermeira obstetriz amparava o meu períneo e me olhava com doçura, esperando minha filha nascer no tempo dela…  

Muitas pessoas acham que eu exagero quando digo que a dor do parto é dor de amor, mas é verdade. Sei que doeu, mas foi diferente de qualquer outra dor que senti. Uma dor para algo maravilhoso acontecer em seguida, o nascimento respeitoso da minha filha.”

Meu parto, a dor e eu – Vanessa e Vitória

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“Dor só é sofrimento se não fizer sentido algum.”

Com essa frase é que hoje abrimos o relato do dia. Vanessa Leme nos fala de maneira detalhada sobre sua percepção de dor e parto, onde foi tudo tão rápido que a doula não teve tempo de chegar!

“Eu fui agraciada com contrações “amostra grátis” quatro dias antes do parto, no dia 18/05/15, acordei a 1h da manhã sentindo uma dor que vinha pela lombar e parecia abrir os ossos da bacia, uma forte pressão na pelve, uma vontade de defecar sem a real necessidade de fazê-lo, a barriga enrijecida e baixa, as contrações eram intensas, mas muito irregulares, para aliviá-las utilizei a bola de pilates, foi maravilhoso, sentada na bola eu realizava círculos com o quadril, foram cinco horas assim, várias contrações espaçadas e irregulares, mas foi a partir delas que eu tive uma ideia do que eu enfrentaria no dia do parto.  As 6h da manhã tudo passou e nada senti pelos dias que se seguiram.

No dia 22/05/15, as 3h25 da manhã eu senti minha primeira contração, o meu trabalho de parto já começou intenso, contrações a cada cinco minutos com duração média de dois minutos, daí pra frente foi cada vez mais tenso, e eu confesso que fiquei desesperada nas primeiras contrações que senti, era tudo muito além do que eu imaginava, fui surpreendida, mas lembrei de tudo que eu havia feito para chegar até ali, eu queria aquele parto, eu escolhi passar por aquilo e precisava me concentrar, acreditar no meu corpo.

A bola de pilates não foi tão eficiente quanto havia sido há cinco dias, além disso, meu trabalho de parto foi tão rápido que não pude contar com minha doula, ela chegou muito tempo após a Vitória nascer, então para aliviar minhas dores eu mentalizava a chegada da Vitória, acompanhava (introduzindo o dedo na vagina) de tempo em tempo a descida da minha bebê. O chuveiro foi meu aliado, eu deixava a água mega quente cair na minha lombar, foi assim durante todo o trabalho de parto e quando a contração vinha com toda a sua força eu vocalizava um mesmo mantra, abria a boca, usava o meu corpo e minha voz para expressar abertura, dilatação e rebolava, mantinha o corpo em movimento, mentalizava um fluir de energias em ondas que cresciam e descreciam. A Vitória já estava coroando quando a primeira parteira chegou, uns quinze minutos antes da Vitória nascer,  ela nasceu as 5h25, exatas duas horas após a primeira contração.

Com a dor aprendi que nosso corpo é perfeito, que tudo funciona e que concentração é fundamental, mas entrega é muito mais, aprendi que a dor só é sofrimento se não fizer sentido algum, se não nos trouxer algo bom como resultado, a dor do parto não nos faz sofrer, nos faz crescer, entender a beleza da criação divina, além disso, assim que o bebê nasce é como se nada tivesse acontecido, a felicidade é tão grande, o amor, a satisfação de ter seu filho nos braços, é incrível.”

Meu parto, a dor e eu – Liv e William

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E quem partilha hoje sua experiência de dor no trabalho de parto conosco hoje é a Liv!

Ela se informou, mas não contou com uma doula. E disse que jamais pariria novamente sem contar com uma doula nessa caminhada.

Cada história, um aprendizado e nesse relato fica claro a necessidade de jamais subestimar a dor.

“Olha, é difícil falar sobre isso por que o desfecho não foi o que eu gostaria. Não frequentei grupos, fui deixando tudo levar.

Eu já tinha lido o texto da Carol Darcie dos 5 estágios e os dois primeiros, as frases foram idênticas!

De intensidade de dor, realmente, é a pior dor, a mais forte que senti na minha vida. Isso é fato.

Normal achar que vai morrer. Duvidar da sua capacidade. Por que a dor é muito muito forte e se você não tiver um apoio, ela te desorienta e põe em xeque tudo o que você acredita. Exatamente por isso que somente o marido não é o suficiente como apoio. Ele vê você berrando, gritando e não pode fazer nada. Aí você surta e pede uma cirurgia e lógico que ele vai consentir. Porque a sua dor é dele também.

Por isso que eu digo de novo, dor do parto é superação.

E o psicológico, ah esse também é responsável. Você tem q estar bem. Acreditar em você. No seu corpo.

Doulas são fundamentais e esse é o meu maior arrependimento. De não ter uma ao meu lado.

Por tudo isso que eu digo: Dor do parto é    Superação.

Defina a dor do parto em uma palavra:        Superação.

O que você falaria pra outra mulheres?        Superação.”

Meu parto, a dor e eu – Gleice e Flávia

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Hoje nosso relato é da Gleice, guerreira.

Seu trabalho de parto foi longo e intenso. E foi para lavar a alma! Um lindo VBAC!

“O que me dava mais medo em um parto normal era a famosa do do parto. Eu sempre ouvia que dor do parto era horrível, era mortal e quando dizia que pretendia um parto sem anestesia sempre falavam: -Se prepara, hein?! Não quero te desanimar, mas dói muito. E em contrapartida as pessoas ligadas ao parto humanizado diziam que a dor do parto era boa, suportável e que ninguém morria dela. Antes de parir eu pesquisei muito, li muito e descobri que a dor do parto era única, que acontecia a partir da percepção de cada mulher e que todas que passaram por ela não tinham se arrependido e fariam tudo de novo.

Psicologicamente eu me preparei para a pior dor do mundo e estava disposta a aguentar até onde pudesse. Daí que as dores do parto chegaram e eu senti algo muito diferente do imaginado. Para mim a famosa dor do parto não doía, mas ardia. A sensação que eu tinha era similar a quando tomamos muito sol e ficamos ardidos. Ela era uma onda: meu corpo avisava de antemão que ela viria, o ardor aparecia fraco, ia aumentando de intensidade e aos poucos ela ia embora.

Tomava conta da lombar, bumbum e quadril. Nessa hora minha doula apertava muito o meu quadril e era mágico. O ardor praticamente sumia. Além disso a doula sempre me lembrava de rebolar e balançar o quadril. Nunca ficar imóvel. A água quente também ajudou muito. Tomei vários banhos no decorrer do parto e já no final da dilatação estar abaixada, pendurada em um barra com água nas costas era muito bom.

Já quando os famosos puxos chegaram o ardor cessou por completo. Era como se meu corpo tivesse desligado a dor e ligado o empurra que seu bebê irá nascer. Assim que minha menina nasceu tudo parou como mágica. Até mesmo para a expulsão da placenta não houve dor alguma. Eu não me arrependo em nada por ter parido sem analgesia.

Foi tranquilo e faria tudo de novo.”

Meu parto, a dor e eu – Pâmela e Davi

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Essa semana será muito especial no Semearmos!

Meu parto, a dor e eu. Nosso tema da semana.Um post por dia. Um relato. Uma mulher partilhando a sua vivência pessoal sobre a dor do parto.

Muito se fala sobre ela, muito temor. Com tanta medicalização no parto, quantas mulheres vocês conhecem para trocarem vivências?

Aqui elas tem voz!

Pâmela mãe do Davi conta tudo o que sentiu para nós.

O meu parto foi planejado bem antes de eu engravidar, assim que o filme O Renascimento do Parto apareceu iniciei meu processo de empoderamento. Eu não sabia quando seria, nem como seria, o que eu sabia era que iria parir.

Quando cheguei nas 41 semanas de gravidez, sem nenhuma cólica, nenhum sinal, me bateu aquele desespero, aquela tristeza, fiquei me perguntando: Meu Deus, será possível que vou passar por essa vida sem nem ao menos conseguir parir, nenhuma dorzinha? Com 41 semanas e 4 dias, fui na consulta com a parteira, ela demorou um pouco para atender, acredito que uns 40 minutos, cheguei antes do horário, mal tinha dormido ansiosa, ela estava com outra paciente, nesse tempo tive algumas cólicas, mas a negação começou ai.

Olívia me examinou e verificou que eu estava com 2 para 3 centímetros de dilatação e tampão saindo. Meu Deus, como assim, tudo isso sem nenhuma dor?Fez o procedimento de descolamento de membrana, fomos embora, entrei no carro sentindo dores. Esqueci a bolsa na Olívia, voltei para buscar, marido foi pegar, eu não quis descer do carro, as cólicas estavam mais interessantes, eu queria senti-las.

Daí pra frente elas vieram mais bonitas, lindas, será que era hora? Como eu queria que fosse.

A Gi, minha doula, me aconselhou as 15 horas a tomar um banho longo, lá fui eu e minha bola. Depois de mais de uma hora elas engrenaram e vinham a cada 3 minutos. Eram dores no quadril, como se eles estivessem sendo pressionados. A água descia gostoso nas costas, saí do banho, as 17 a Gi chegou. Comemos, conversamos, as 20 horas passei mal, fui novamente pro chuveiro acredito que às 21:30 a dor realmente ficou séria, eu no chuveiro me sentia cansada, mas falava, ah, se for assim, aguento até 3 dias.

Às 23 elas ficaram intensas, aí eu sentia realmente a pressão no quadril, e aí comecei a gritar pra expulsar tudo o que elas me traziam, gritava pra que apertassem meu quadril e os anjos chamados doulas, a Gi e a Ca apertavam cada uma de um lado, e era bom de mais quando faziam isso meu Deus, como era bom. Tem fotos que a Alana também apertou, mas coitadas eu nem via só gritava apertaaaaaaaaaa.

É incrível como me lembro pouco dessa dor, me lembro da alegria que era estar conseguindo chegar nesse momento, pensava que estava ajudando meu filho e meu Deus como era bom saber que ele estava chegando, quando realmente aceitei que eu estava parindo, fui pra banheira, e ali eu senti realmente o alívio da dor, a cada contração aquela água quentinha nas minhas costas eram demais de delicia. Ainda lembro da cena, eu, na minha banheira, na minha casa, tendo as tão sonhadas contrações. Elas foram longe, duraram muito, tive edema, ele estava segurando meu bebê, e isso me assustou, mas fui racional, tentei estar no controle da situação se as meninas falassem pra eu virar de ponta cabeça, eu virava, e virei fiquei de 4 apoios na banheira, andei pela casa, subi e desci escada, a pior posição foi na banqueta, nossa que horrível ficar sentada nela, disso eu lembro, de que não quis ficar nela e fui respeitada. Gi fez rebozo.

Quando era umas 8:30 a Olívia me sugeriu que colocássemos gelo pra amenizar o edema, ou teríamos que ir para o hospital tomar anestesia. Eu tinha consciência disso, já havia estudado sobre. Depois de uns 10 ou 15 minutos falei que não ia esperar mais, queria logo colocar o gelo. Subi para o quarto, no meio de uma contração, como onça, motivada por eu quero logo ver meu filho. No momento do procedimento eu estava abraçada a bola e era muito boa essa posição, de quatro.

Ai antes mesmo de colocar o gelo, Olívia conseguiu retirar uma parte do que estava atrapalhando a passagem e o Davi desceu.  A ele desceu e vencemos juntos o edema. Aí eu posso dizer que a dor começou, não a das contrações, essas desapareceram. Aquele mardito daquele circulo de fogo veio que veio queimando tudo, eu queria sumir, eu queria correr, eu queria fazer toda força possível pra que isso acabasse logo, e não acabava. Nessa hora a Gi e o marido seguravam na minha mão, como isso foi importante, eu estava em pânico com medo de machucar, de não conseguir. Do procedimento até o nascimento do Davi foram 18 minutos, que pra mim foram eternos, foi o único momento em que tive pânico da dor, a queimação quando ele passava me fez fazer força, muita força, a cabeça passou, e com ela a dor também. A próxima contração, outra vez a queimação, Olívia nos ajudou, meu bebê nasceu. Tudo passou, estávamos nós, sem dor, sem sofrimento, sem separações. Nosso mundo completo.”

Alívios não farmacológicos para a dor. Existem e funcionam!

Existe dor no parto?

Sim, existe. Contrações doem, mas entendam que dor não é sofrimento e que tampouco essa dor necessariamente precisa ser aliviada farmacologicamente. Existem outros métodos para alívio da dor, pouco divulgados, afinal é tão prático ir até a farmácia e voltar com a bolsa cheia de cartelas, não é?

Dentro daquelas cápsulas não temos um pó mágico e inofensivo do Harry Potter. Temos substâncias químicas, que causam efeitos colaterais e que muitas vezes mascaram os sintomas e não tratam a causa.

Adianta se entupir de dipirona se a causa da sua dor de cabeça é devido à tensão emocional? Vai passar momentaneamente, mas enquanto o nó não for desfeito no seu coração e mente a dor sempre estará presente.

A dor varia conforme a percepção de cada um. É notório que as mulheres que de fato sofreram com a dor do parto -notem que dor não é sofrimento- foram as que estavam mais vulneráveis. Sozinhas, acuadas, vítimas de comandos verbais agressivos e violência obstétrica.

Elas podem não associar, mas a dor foi potencializada pela má assistência, pelo desamor. Se não estivessem em trabalho de parto, se não sentissem as contrações e fossem vítimas de agressividade, se vissem vulneráveis a dor existiria da mesma forma.

A doula no trabalho de parto tem uma gama de opções para alívio não farmacológico. Além do amor, cuidado e carinho conto com óleos essênciais. Aromaterapia me encanta! Existem colares aromáticos, no pós parto usá-los com o óleo essencial de tangerina é extremamente restaurador. É possível fazer o alinhamento dos chackras também.

Que doula não carrega em sua mala lavanda e sálvia? É lei! Funciona!

Funciona porque o aroma atua direto no nosso sistema límbico. No meu trabalho de parto quando massagens e palavras não foram suficientes, já na transição a lavanda colocada pela minha parteira entre meus olhos me acalmou instantaneamente. Me trouxe o chão, a paz, a calma.

Fiquei quase uma hora na piscina, no escuro da minha sala iluminada a luz de velas descansando entre as contrações.

Água fornece um poderoso alívio, sentia a dor ser retirada com a mão quando a água quente acolhia minha barriga.

Na minha malinha de doula tenho alguns recursos legais como lâmpadas coloridas. Uma azul e outra verde. Vocês sabem como a cromoterapia atua no nosso organismo?

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Vou transcrever abaixo um artigo que fala sobre ela.

“A Cromoterapia usa a cor para estabelecer o equilíbrio e a harmonia do corpo, da mente e das emoções, restabelecendo o equilíbrio das energias da cor no interior do corpo. As cores podem ser utilizadas com eficiência por todos, em casa, como complemento do tratamento dado pelo médico ou, simplesmente, como uma forma preventiva.”

2) Ela alivia que tipo de problema?

A Cromoterapia alivia problemas físicos, psíquicos e emocionais.

3) Esse tipo de tratamento tem comprovação científica de eficácia?

A Cromoterapia possui comprovações científicas, mostradas em estudos sobre a sua utilização em ambientes de trabalho e desequilíbrios físicos, psíquicos e emocionais.

4) Qual a origem da cromoterapia?

A Cromoterapia vem sendo utilizada pelo homem desde as antigas civilizações. Os egípcios adotaram o poder de cura do sol e construíram templos adornados de cores e luz para os doentes. A Índia e a China também relacionavam a cura pelas cores com a mitologia e a astrologia.

Sobre as cores azul e verde:

Verde: indicado para aliviar dores de cabeça e gripe, nos problemas sanguíneos, feridas e infecções, para recuperar as áreas ósseas e ajuda nos problemas emocionais.

Azul: é um estabilizador e desacelera o organismo, servindo para combater as doenças infecciosas quando promove elevação da temperatura. Possui grande propriedade antisséptica, é analgésico, antitérmico e calmante, traz a harmonia e equilibra energias do corpo.

Fora as cores, claro, óleos essenciais e bolsas térmicas!

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Bolsa térmica + cinto

Na minha gestação especialmente a partir do segundo trimestre sentia muita dor na região sacral. A bola de pilates aliviava, mas as bolsas térmicas associadas faziam milagre. Mas como manter a bolsa nas costas?

Bolsa térmica presa com o cinto. Alivia a dor sem restringir movimentos.
Bolsa térmica presa com o cinto.

Deitada de bruços com a barriga imensa? Como manter a bolsa quando eu estivesse na bola?

Eu tentava prender no cós das roupas, mas nem preciso falar que não funcionavam. A solução veio no meu parto, quando minha doula Gisele trouxe este “cinto”. É só colocar a bolsa e amarrar.

Mais um item para o meu kit doula. Cinto pra bolsinha, florido, cheiroso e cheio das melhores intenções e energias.

Agora me digam, ciência e amor de mãos dadas. Tem como não funcionar?

P.S: Nasceu a dor acaba como num passe de mágica. Pode abaixar, segurar o bebê, espirrar, tossir. Sem dor, sem remédios no pós parto.Vida que segue.

Dor no parto

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Somos poupadas de tudo.

Temos ar condicionado para refrescar, aquecedor pra esquentar. Milhões de remédios para curar dores e não suas causas. Todo mundo foge de água fria, foge da chuva, tem medo de sol.

O que dizer da dor do parto?

Ninguém sabe, ninguém conhece porque temos poucos partos normais no Brasil. E dentre esses temos menos ainda os não medicalizados.

O que sobra no imáginario popular é o parto da avó, da tia avó da roça que pariu sozinha e no outro dia estava no fogão. Ou então ela morreu.

Ninguém vai te contar uma história diferente, então não busque este tipo de referência quando o temor sobre a dor do parto tentar tomar conta de você.

Meu parto foi domiciliar e eu sou muito resistente a dor. Este é um ponto importante a ser lembrado. Cada uma de nós tem uma sensibilidade e limiar para a dor. Mas todas nós temos uma força incrível oculta que nos ajuda a lidar com ela.

Mesmo eu sendo “a resistente”, sou do tipo que aguenta firme qualquer coisa, confesso que me impressionei com a dor da transição.

Já tive cólica renal, já tive cirurgias com pós operatório sofrido que me fizeram dar entrada no pronto socorro de cadeira de rodas, já tomei medicações fortíssimas (morfina) para lidar com essa dor, mas NUNCA senti nada parecido com a dor da transição.

Nunca subestimem a dor. O bom pescador não subestima o mar, porém não deixa de enfrentá-lo. Por que? Com força da natureza não se brinca. É algo que independe de nós, vai acontecer.

Quando me perguntam sobre a dor logo associam dor com sofrimento. O que não é verdade!

Você pode sofrer, chorar por uma ferida na alma. Por uma traição, um olhar de desprezo, um comentário debochado. Dói, seu corpo somatiza e o estopim de tudo nem sempre partiu do físico.

Dor física não é sofrimento. Você resignifica sua dor. Sua mente comanda, num parto com uma assistência respeitosa e amorosa você terá liberdade para exteriorizar tudo o que sente.

Pode vocalizar, urrar, gritar. Terá liberdade para se movimentar e seu corpo encontrará instintivamente posições que proporcionarão alívio.

Terá seu marido, namorado ou quem quer que lhe seja importante ao seu lado. Ou não terá ninguém, vai ficar no seu cantinho, você e sua dor. Um abraço da alma que prova que seu corpo é perfeito e que traz seu filho cada vez mais perto de si.

Sozinha, sem as contrações jamais conseguiríamos parir. Não temos força suficiente para a expulsão do feto, o corpo é sábio, trabalha junto conosco.

Eu fiquei bem até  08cm de dilatação. Doia, sim, mas não é uma dor constante. Ela vai e vem como uma onda. Eu ficava abaixada, ganhava massagens, bolsas térmicas ficavam na minha sacral. Podia ingerir líquidos, comer.

Escolhi as músicas e curti cada uma delas. O ambiente me acolhia, me convidava a entrega. Os gatos ficavam próximos, era meu momento. E a dor mesmo intensa, não conseguiu roubar a cena.

Eu mergulhei em mim mesma. Aceitei e agradeci por cada contração.

No próximo post falarei sobre leituras, alívio não farmacológico e posições que diminuem muito a dor.

A questão da analgesia em partos hospitalares é resolvida e decidida pela mulher. Não existe mais parto, não existe um pódio que só alcança o topo quem não usou esse recurso.

Isso é protagonizar o parto, reconhecer seus limites!

Porém a dor faz parte de nós, não se privem de uma experiência tão transformadora como o parir por terem medo dela. Eu dormi entre uma contração e outra, não dói o tempo todo.

Sintam-se perfeitas com a dor. A dor do parto nos prepara para o puerpério. Enfrentaremos dias de descobertas, de aprendizado. Teremos privação de sono, alteração psíquica, mudanças na rotina da casa, bebê que só sabe se comunicar chorando.

E ai você olha e vê o quando foi forte e suportou a dor. Entende a dor de seu filho, acolhe.

A natureza é perfeita até na dor. É o abraço da alma que traz seu filho do seu ventre para seus braços.